O Raciocínio por Trás do Bloqueio: Interrompendo o Circuito da Dor
Imagine o sistema nervoso da cabeça e do pescoço como uma complexa rede elétrica. Em condições como a enxaqueca crônica, alguns nervos tornam-se "hiperexcitáveis", enviando sinais de dor de forma incessante para o cérebro. O bloqueio de nervo periférico funciona como um "disjuntor" temporário nesse circuito. Ao injetar uma pequena quantidade de anestésico local (como a lidocaína) próximo a esses nervos, interrompemos esse bombardeio de sinais. O objetivo é "resetar" o sistema, proporcionando alívio imediato da crise e, em muitos casos, um efeito preventivo que dura semanas ou meses.
Exemplo de paciente com indicação: Agudização de Enxaqueca Crônica
Uma paciente de 35 anos, com diagnóstico de enxaqueca crônica e dor miofascial cervical, chega ao consultório com cefaleia diária há três semanas. Ela já utiliza medicação preventiva, mas o uso de analgésicos para as crises tornou-se constante, afetando seu trabalho e vida social. O exame revela pontos de gatilho dolorosos na região cervical e occipital. Diante da refratariedade e do impacto funcional, opta-se por um bloqueio de nervos periféricos para resgate da crise e modulação da dor.
Evidências e Segurança do Procedimento
O bloqueio de nervos periféricos é um procedimento bem estabelecido e seguro quando realizado por um profissional treinado. Estudos e diretrizes, como as publicadas na Practical Neurology, demonstram sua eficácia, especialmente para o tratamento agudo e transicional da enxaqueca e cefaleia em salvas. Os efeitos adversos são geralmente leves e transitórios, incluindo dor local na injeção e dormência temporária na área do nervo bloqueado. A adição de corticosteroides é controversa na enxaqueca, mas pode ser benéfica na cefaleia em salvas.
Quais Nervos Podem Ser Bloqueados?
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Nervo Occipital Maior (NOM): Principal alvo para dores na região posterior da cabeça, comum na enxaqueca e na cefaleia cervicogênica.
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Nervo Occipital Menor (NOm): Inerva a área lateral e posterior do couro cabeludo.
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Nervo Auriculotemporal: Ramo do trigêmeo, importante para dores na região temporal (têmporas).
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Nervos Supraorbital e Supratroclear: Ramos do trigêmeo, alvos para dores na testa e região acima dos olhos.
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Nervo Acessório Espinhal: Pode ser um alvo em casos de dor miofascial proeminente do músculo trapézio.
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